sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Um pai ausente

Antes de desligar o computador não deixei de fazer a última consulta em minha caixa de mensagens. E lá estava o texto de meu filhote amado. Não poderia deixar de lê-lo. Lian escrevera:

Quarta-Feira, 29 de setembro de 2010 23:02 horas

- Pai, como você está? Tá bem? Sentiu mais dores no peito, não é? Espero que você melhore para passarmos mais tempos juntos

Eu estou bem e com muitas saudades de ver meu velho. O meu velho que me levava para aqueles lugares malucos; que só faltava me oferecer bebidas ayahuasca; meu velho que era muito presente na minha vida, que só SUMIA de vez em quando.... Rsrs... Eu estou indo muito bem na escola. Minhas provas acabaram tem pouco tempo. Acho que fui bem, pelo menos na maioria delas.

Por em falar em escola, naquele dia em que pedi para você me dar alguns exemplares do seu livro – O Amor é Trágico, Ame! - foi porque levei um deles para a escola e fez muito sucesso, todos queriam, alunos, professores e diretores. Eles gostaram muito do livro: e eu tive o prazer de dizer que o autor era o meu pai.

Ah, o Corinthians tá jogando muito bem, acho que é líder ou vice.

To indo dormir, saiba que eu te AMO muito.


Seu filho Lian.


Ao término da leitura desliguei o net. Apaguei a luz. E ditei-me com os olhos transbordantes. Eram lágrimas de um pai ausente diante da possibilidade de não poder fazer mais nada a respeito, apesar de um amor descomunal e a certeza de que ficaremos juntos - muitas vezes ainda - por esses malucos lugares que tanto me atraem.

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