“Você que inventou esse Estado, inventou de inventar toda escuridão, você que inventou o pecado, esqueceu-se de inventar o perdão...”. (Chico Buarque)
Nossos patrícios portugueses, inequivocamente, foram os responsáveis pela maioria dos ditados que ainda hoje cultivamos e que fazem parte de nossa cultura popular, largamente divulgados.
O ditado eles que são brancos que se entendem, com origem em um período que os negros sofriam preconceitos raciais, pasmem, não deixou também de ser um ato de preconceito em relação aos brancos.
A raça humana sempre teve dificuldade de compreender que é apenas uma raça. Nada mais que isso.
Conforme reza como uma quase lenda, a origem deste ditado registra uma das primeiras punições impostas aos racistas do tempo mais racista no Brasil, ainda no século XVIII.
Assim, conta-se, amiúde, esta história:
- Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português. Branco, evidentemente. O capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: “Vocês que são pardos, que se entendam”.
O oficial queria deixar que a pendenga se resolvesse entre os negros.
O capitão ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o preconceituoso oficial português, que estranhou a atitude do vice-rei.
Mas, dom Luís se explicou:
- Nós somos brancos, cá nos entendemos.
Aqui vem à tona um outro e velho ditado popular: quem com ferro fere, com ferro será ferido. O certo é que dom Luís não deixou o caso “passar em branco”, para irritação de seu patrício e contentamento do reclamante. Se verdadeira ou falsa esta história, pelo menos convenhamos que seja muito bonita.
E bastante didática.
Em primeiro lugar constatamos que, nesse caso, se vivenciava uma relação de poder, de hierarquia. “Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder”, já detectava o mestre Nietzsche. De poder e de julgamento. Os seres humanos adoram julgar seus semelhantes.
Daí as relações extremamente política da existência humana.
"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Era a crítica do filósofo alemão à incompreensão do sentido das coisas e à limitação do homem em sua capacidade de julgar.
A falta de discernimento de muitos faz a sapiência de poucos.
Ora, ainda hoje a ordem constituída se estabelece entre iguais e desiguais que devem não somente se entender, mas, sobretudo, compreender e obedecer. E os grupos sociais tem sim, ao que parece, levado muito em consideração esses adágios tão arraigados na cultura popular.
Vovó que o diga.
Eles que são brancos que se entendam, é o mesmo que, cada macaco no seu galho, manda quem pode e obedece quem tem juízo ou ainda o velho cada qual com seu cada qual.
E como se tem levado isso ao pé da letra.
Quem não detectaria aqui tão facilmente uma velha questão nietzschiana como a moral de rebanho? "A moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo”. Mais claro que isso, impossível.
E fazem de tudo para manter tal status quo.
Por isso, Nietzsche ainda dedura os que de alguma maneira ganham com exercício de poder. “O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno”.
O homem sempre deseja sobrepor-se ao outro.
E também não podemos esquecer que o homem adora exercer esse poder sobre outro homem, tem fascinação por isso, e o nosso pensador em questão não titubeia nesse quesito: "Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos”.
E, nesse caso, não interessa que seja negro, branco, ou amarelo.
A grande sacada é que o ser humano tem que trilhar (e brilhar) em seu caminho. Ele foi jogado neste mundo. Arremessado nesta existência. Aprendeu a andar, então ande! Esses preconceitozinhos mixurucas são apenas mesquinharias da existência humana e próprias dos homens inferiores.
Nunca se esqueça do ser que verdadeiramente és. Sem metafísica.
"Eu tenho o meu caminho. Você tem o seu caminho. Portanto, quanto ao caminho direito, o caminho correto, e o único caminho, isso não existe”. Esta afirmação de Nietzsche é belamente trágica: cada um sabe de si. Não existem verdades absolutas.
Mas, uma coisa, com certeza existe: você.
Não foi por outra coisa que Nietzsche fez questão de, ironicamente, mexer com os brios de Descartes, e nos deixou este minúsculo e pretensioso aforismo:
- Existo, logo penso!
Nossos patrícios portugueses, inequivocamente, foram os responsáveis pela maioria dos ditados que ainda hoje cultivamos e que fazem parte de nossa cultura popular, largamente divulgados.
O ditado eles que são brancos que se entendem, com origem em um período que os negros sofriam preconceitos raciais, pasmem, não deixou também de ser um ato de preconceito em relação aos brancos.
A raça humana sempre teve dificuldade de compreender que é apenas uma raça. Nada mais que isso.
Conforme reza como uma quase lenda, a origem deste ditado registra uma das primeiras punições impostas aos racistas do tempo mais racista no Brasil, ainda no século XVIII.
Assim, conta-se, amiúde, esta história:
- Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português. Branco, evidentemente. O capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: “Vocês que são pardos, que se entendam”.
O oficial queria deixar que a pendenga se resolvesse entre os negros.
O capitão ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12° vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o preconceituoso oficial português, que estranhou a atitude do vice-rei.
Mas, dom Luís se explicou:
- Nós somos brancos, cá nos entendemos.
Aqui vem à tona um outro e velho ditado popular: quem com ferro fere, com ferro será ferido. O certo é que dom Luís não deixou o caso “passar em branco”, para irritação de seu patrício e contentamento do reclamante. Se verdadeira ou falsa esta história, pelo menos convenhamos que seja muito bonita.
E bastante didática.
Em primeiro lugar constatamos que, nesse caso, se vivenciava uma relação de poder, de hierarquia. “Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder”, já detectava o mestre Nietzsche. De poder e de julgamento. Os seres humanos adoram julgar seus semelhantes.
Daí as relações extremamente política da existência humana.
"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Era a crítica do filósofo alemão à incompreensão do sentido das coisas e à limitação do homem em sua capacidade de julgar.
A falta de discernimento de muitos faz a sapiência de poucos.
Ora, ainda hoje a ordem constituída se estabelece entre iguais e desiguais que devem não somente se entender, mas, sobretudo, compreender e obedecer. E os grupos sociais tem sim, ao que parece, levado muito em consideração esses adágios tão arraigados na cultura popular.
Vovó que o diga.
Eles que são brancos que se entendam, é o mesmo que, cada macaco no seu galho, manda quem pode e obedece quem tem juízo ou ainda o velho cada qual com seu cada qual.
E como se tem levado isso ao pé da letra.
Quem não detectaria aqui tão facilmente uma velha questão nietzschiana como a moral de rebanho? "A moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo”. Mais claro que isso, impossível.
E fazem de tudo para manter tal status quo.
Por isso, Nietzsche ainda dedura os que de alguma maneira ganham com exercício de poder. “O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno”.
O homem sempre deseja sobrepor-se ao outro.
E também não podemos esquecer que o homem adora exercer esse poder sobre outro homem, tem fascinação por isso, e o nosso pensador em questão não titubeia nesse quesito: "Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos”.
E, nesse caso, não interessa que seja negro, branco, ou amarelo.
A grande sacada é que o ser humano tem que trilhar (e brilhar) em seu caminho. Ele foi jogado neste mundo. Arremessado nesta existência. Aprendeu a andar, então ande! Esses preconceitozinhos mixurucas são apenas mesquinharias da existência humana e próprias dos homens inferiores.
Nunca se esqueça do ser que verdadeiramente és. Sem metafísica.
"Eu tenho o meu caminho. Você tem o seu caminho. Portanto, quanto ao caminho direito, o caminho correto, e o único caminho, isso não existe”. Esta afirmação de Nietzsche é belamente trágica: cada um sabe de si. Não existem verdades absolutas.
Mas, uma coisa, com certeza existe: você.
Não foi por outra coisa que Nietzsche fez questão de, ironicamente, mexer com os brios de Descartes, e nos deixou este minúsculo e pretensioso aforismo:
- Existo, logo penso!
Um comentário:
Concordo com você estes preconceituzinhos são torpes e dignos dos pobres de conhecimento.
Que conhece sabe que no fundo somos todos iguais ou farinha do mesmo saco! Um abraço. Ah! o enderêço do meu blog:
umpensamentovirtual.blogspot.com ou simplesmente:
blog da mazé. Um abraço!
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