Henry Thomas
A SABEDORIA ORIENTAL
O primeiro filósofo do mundo
ACREDITA-SE geralmente que foram os gregos os _ primeiros filósofos (amantes da sabedoria) do mundo. Isso, porém, está muito longe de ser verdadeiro. Os egípcios começaram a sondar os mistérios da filosofia quasi 3.000 anos antes dos gregos. O primeiro grande filósofo, que a história menciona, foi o egípcio Ptah-hotep, que vi veu há uns 5.000 anos passados.
Ptah-hotep era Primeiro Ministro do Faraó. Quando se retirou da vida ativa, escreveu um "livro de sabedoria" para seu filho. E’ obra de um homem que viveu intensamente e que muito pensou. "A velhice está chegando — escreve êle no prefácio de seu livro — e quem é velho está engolfado num oceano de miséria. Os olhos estão enfraquecidos, os ouvidos moucos, as pernas frouxas e o coração entristecido… Mas o pensamento está cheio da sabedoria da experiência… Ouve com atenção, meu filho, as palavras de teu pai, para que sua experiência possa conduzir teus passos".
E depois Ptah-hotep prossegue "para encadear seu filho com um colar de sabedoria". Algumas das pérolas desse colar são dignas do próprio Salomão. "Não desprezes — adverte êle ao filho — aqueles que sabem menos do que tu. Porque não há limite para o saber. Há ocasiões em que até mesmo os ignorantes podem ensinar aos sábios. .. As palavras bondosas são mais raras do que esmeraldas, e um coração gentil é o mais precioso dos tesouros….. Se quiseres ser sábio, gera um filho. Se êle seguir
OS teus passos, não poupes teu louvor; se êle não seguir teus passos, não poupes a vara… Mas não uses a vara com cólera… Coisa para ser lembrada e querida é o caráter de um bom filho…"
"Ama tua mulher e não te juntes a outras mulheres… Fala quando tiveres alguma coisa suave a dizer; do contrário, guarda silêncio.. . Se quiseres governar os outros homens, aprende a obedecer e a cultivar a bondade.. . Em todas as ocasiões aprende a sabedoria do império sobre ti mesmo… Esse é o meio de ser feliz, esse é o caminho para o êxito".
Cinco mil anos se passaram desde o tempo em que o bom velho Ptah-hotep escreveu isso, mas o vinho de sua sabedoria conservou muito de sua côr e de sua fragrância até hoje. Podemos ainda bebê-lo e sentir-nos refrigerados.
O Tolstoi egípcio
NÃO muito depois de Ptah-hotep, viveu outro grande filósofo no Egito. Esse homem, porém, não foi um sereno observador da vida, mas um velho triste e desiludido. Para êle, a vida não era senão uma sucessão de reveses. "O homem, lamenta-se êle, nada mais aprendeu senão a opressão, a violência, a luta e a decadência". Como Tolstoi, acreditava que a melhor coisa para a raça humana seria desaparecer. "Pudesse a raça humana chegar a um fim, pudesse não haver mais nascimento, sofrimento e morte, e todo o mal se apagaria para sempre da face da terra".
Como os filósofos pessimistas dos nossos dias, preferia a morte à vida. "A suave Morte está diante de mim, a Morte, o bálsamo que cura todos os males, o fragante caramanchel de rosas que nos defende do deslumbrante
sol da vida, o marinheiro amigo que nos conduz à enseada da paz. A suave Morte está diante de mim, a Morte, a flor de loto que faz com que esqueçamos nossos pesares, o rio dentro de cujas águas lavamos nossas tristezas, o sossegado ono depois da febril batalha da vida. Salve, ó Morte! Fui um escravo na prisão da vida. Liberta-me de minhas cadeias e leva-me para casa, ó calma e aliviadora morte". Os egípcios, como vedes, tinham não somente seus Salomões, mas seus Schopenhauers e seus Tolstois. Mesmo na infância, a raça humana parece já estar algum tan to desiludida da vida. Não obstante, a vida, a despeito dos cépticos e dos pessimistas que tem falado mal dela, durante 5.000 anos, consegue, seja como fôr, prosseguir na sua marcha.
A SABEDORIA ORIENTAL
O primeiro filósofo do mundo
ACREDITA-SE geralmente que foram os gregos os _ primeiros filósofos (amantes da sabedoria) do mundo. Isso, porém, está muito longe de ser verdadeiro. Os egípcios começaram a sondar os mistérios da filosofia quasi 3.000 anos antes dos gregos. O primeiro grande filósofo, que a história menciona, foi o egípcio Ptah-hotep, que vi veu há uns 5.000 anos passados.
Ptah-hotep era Primeiro Ministro do Faraó. Quando se retirou da vida ativa, escreveu um "livro de sabedoria" para seu filho. E’ obra de um homem que viveu intensamente e que muito pensou. "A velhice está chegando — escreve êle no prefácio de seu livro — e quem é velho está engolfado num oceano de miséria. Os olhos estão enfraquecidos, os ouvidos moucos, as pernas frouxas e o coração entristecido… Mas o pensamento está cheio da sabedoria da experiência… Ouve com atenção, meu filho, as palavras de teu pai, para que sua experiência possa conduzir teus passos".
E depois Ptah-hotep prossegue "para encadear seu filho com um colar de sabedoria". Algumas das pérolas desse colar são dignas do próprio Salomão. "Não desprezes — adverte êle ao filho — aqueles que sabem menos do que tu. Porque não há limite para o saber. Há ocasiões em que até mesmo os ignorantes podem ensinar aos sábios. .. As palavras bondosas são mais raras do que esmeraldas, e um coração gentil é o mais precioso dos tesouros….. Se quiseres ser sábio, gera um filho. Se êle seguir
OS teus passos, não poupes teu louvor; se êle não seguir teus passos, não poupes a vara… Mas não uses a vara com cólera… Coisa para ser lembrada e querida é o caráter de um bom filho…"
"Ama tua mulher e não te juntes a outras mulheres… Fala quando tiveres alguma coisa suave a dizer; do contrário, guarda silêncio.. . Se quiseres governar os outros homens, aprende a obedecer e a cultivar a bondade.. . Em todas as ocasiões aprende a sabedoria do império sobre ti mesmo… Esse é o meio de ser feliz, esse é o caminho para o êxito".
Cinco mil anos se passaram desde o tempo em que o bom velho Ptah-hotep escreveu isso, mas o vinho de sua sabedoria conservou muito de sua côr e de sua fragrância até hoje. Podemos ainda bebê-lo e sentir-nos refrigerados.
O Tolstoi egípcio
NÃO muito depois de Ptah-hotep, viveu outro grande filósofo no Egito. Esse homem, porém, não foi um sereno observador da vida, mas um velho triste e desiludido. Para êle, a vida não era senão uma sucessão de reveses. "O homem, lamenta-se êle, nada mais aprendeu senão a opressão, a violência, a luta e a decadência". Como Tolstoi, acreditava que a melhor coisa para a raça humana seria desaparecer. "Pudesse a raça humana chegar a um fim, pudesse não haver mais nascimento, sofrimento e morte, e todo o mal se apagaria para sempre da face da terra".
Como os filósofos pessimistas dos nossos dias, preferia a morte à vida. "A suave Morte está diante de mim, a Morte, o bálsamo que cura todos os males, o fragante caramanchel de rosas que nos defende do deslumbrante
sol da vida, o marinheiro amigo que nos conduz à enseada da paz. A suave Morte está diante de mim, a Morte, a flor de loto que faz com que esqueçamos nossos pesares, o rio dentro de cujas águas lavamos nossas tristezas, o sossegado ono depois da febril batalha da vida. Salve, ó Morte! Fui um escravo na prisão da vida. Liberta-me de minhas cadeias e leva-me para casa, ó calma e aliviadora morte". Os egípcios, como vedes, tinham não somente seus Salomões, mas seus Schopenhauers e seus Tolstois. Mesmo na infância, a raça humana parece já estar algum tan to desiludida da vida. Não obstante, a vida, a despeito dos cépticos e dos pessimistas que tem falado mal dela, durante 5.000 anos, consegue, seja como fôr, prosseguir na sua marcha.