quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ossos do ofício

Até onde a função de um governador de Estado, com certeza, se confunde com os limites das ações do ser político que ele representa, seja como líder, seja como o condutor de processos inerentes as duas atividades: a administração e a política.

E ambas são irmãs siamesas.

Exemplo disso são as atividades políticas do governador Tião Viana que, por esses tempos, estão aceleradas e deixando sua agenda mais política do que administrativa. Não era para menos. Já analisamos aqui seu papel de bombeiro neste período de convenções partidárias que escolhem os candidatos a prefeito nos 22 municípios do Acre.

Não por outra coisa, neste sábado, o governador Tião Viana participa de sete convenções dos partidos que compõem a Frente Popular do Acre no interior do Estado. Sena Madureira, Manuel Urbano, Feijó, Tarauacá e Santa Rosa são alguns deles.

Mesmo com o papel de bombeiro em alguns deles e de descascador de abacaxis em outros, o certo é que ele vem dando conta da agenda e se revelando muito otimista quanto ao pleito que se avizinha, tanto que, a sua avaliação é por demais otimista quanto aos resultados: o governador acredita que vence em pelo menos 16 municípios do Acre.

Não sei quais são as bases para estas suas análises, nem os critérios da avaliação, mas, com certeza, deve serem sólidas, pois seu manancial de informação é vasto, e creio que dentro dos parâmetros subjetivos impostos pelas premissas da verdade, pois não acho que o político experiente engane a si mesmo nos objetivos que possui.

Porém, mesmo que a avaliação do governador esteja correta, e seu trabalho como liderança política lhe imponha ossos de um ofício dificílimo, e que ele cumpre com rigor, não deixo de fazer o papel do diabo e lembrar que, mais importante do que a "quantidade" de municípios vitoriosos que é FPA pretende comemorar, sem dúvida, é saber em "quais" municípios estas vitórias ocorrerão, ou acontecerão de verdade.

Para o governador, o que deve importar não é a vitória macro, mas a micro. Ou seja, vencer nos municípios de maior densidade eleitoral, naqueles que podem representar uma verdadeira vitória da FPA em quantidade de votos, não de municípios.

Senão, vejamos: do que adianta ganhar em 16 municípios se neles não estiverem inclusos Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Sena Madureira? Ou pelo menos em dois destes? Para a FPA, o que deve importar é vencer, não na maioria dos municípios, mas nos mais importantes, naqueles que serão fundamentais para o pleito de 2014, quando o governador Tião Viana será, naturalmente, candidato a reeleição.

A verdade é que o estilo do governador Tião Viana é muito ousado.

Mas, para quem se predispõe a ser um político pujante, isso também é natural. E qualquer analista político, mesmo um principiante ou até mesmo um medíocre articulista como este que vos escreve, não se pode deixar de perceber que esta é a maior prova político que Tião Viana enfrenta no cargo de governador. Isso significa dizer que a ele será creditado o sucesso ou o insucesso de coligação governista.

O poder político nunca foi tão essencial em sua trajetória, e disso sabe muito bem o governador Tião Viana. Tanto que, em relação aos municípios detentores dos maiores colégios eleitorais, ele não vai deixar de dar uma atenção especial. E por isso mesmo deve seguir para Cruzeiro do Sul levando a tiracolo marqueteiros para dar os primeiros passos na campanha no Juruá e puxar a alavanca da candidatura do deputado federal Henrique Afonso.

Não sei de seus planos para intervir na campanha de Sena Madureira, mas com certeza absoluta, a capital Rio Branco jamais seria desdenhada: aqui ele vai ter que ir para os bairros com Marcus Alexandre e Márcio Batista.

E, enquanto os ossos do ofício não lhe tirem do sério, o governador Tião Viana comemora a paz e a alegria da convenção em Xapuri, onde suas chances de vitória são previsíveis.

Mas, cada passo do governador é uma mexida no tabuleiro que revela que o jogo ainda está sendo jogado. Ninguém ganhou ainda. Mas também ninguém perdeu.

Um comentário:

Unknown disse...

Grande Stélio,

Concordo plenamente com os teus comentários. Parabéns!
No entanto, a meu ver, muitas águas haverão de passar pelo tabuleiro da sucessão municipal!
Abs,
Chagas Freitas