terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Noite à dentro

Então, somos dois insones?
Não!
Somos milhões nos milhões do mundo de cada um.
Amar o que se faz é quase tudo, então, por que dormir em demasia?
Melhor é se ocupar com os pensamentos, domá-los, entretê-los, enfrentar e superar o medo, que é o grande e alquímico segredo da felicidade.
A noite é uma coisa extraordinária! Quanto mais longa mais extraordinária!
O que escrevo? Um Filósofo Diante da Possibilidade da Morte. Ou seria Um Diário de Quase Morte? Viva a Insônia! Viva a tempestade dos pensamentos! A calmaria, o sono profundo são coisas próprias dos mortos.
Não durmo. Estou vivo. Pulsando. Posso fazer o que quiser. Escrever ou bater punheta. Tanto faz.

Milagres da insônia.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O MEU AMOR





o meu amor
tá por ai
me busca
com a mesma intensidade com o busco

e nos buscamos tanto
com a mesma realidade e alegria
com o mesmo ritmo e harmonia
com o mesmo suor e encanto
que posso até confessar
é possível
que nos encontremos
um pouco antes da hora

mas
o peso da ampulheta
faz a hora certa
e a certeza
de que eu vou
de que ele vem
é somente uma:
a vida não é deserta

porém
se ainda existe o retardamento
é culpa
dessa cidade grande
desse sinal fechado
desse engarrafamento

e posso até confessar mais

é culpa
dessa limpa madrugada
dessa gelada cerveja
desse enforcamento

mas sei
e ai confesso
em um único grito
que o meu grande amor

está por ai!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Quando a ética fala

Senador Pedro Simon

É com muita mágoa que faço este aparte.

Vamos sentir muita a falta de Vossa Excelência, senador Geraldinho Mesquita. Eu tive muita felicidade, neste mandato, de conviver profundamente em sua companhia. Fizemos viagens ao MERCOSUL e aprendi a admirá-lo, inclusive, pela franqueza das ideias que expõe.

É uma das pessoas que vivem e que sentem a alma popular.

Nos seus pronunciamentos ao longo de todo esse tempo, se preocupou com o Acre, sim; preocupou-se com as questões da região amazônica, sim. Mas, foi um homem brasileiro e um cidadão do mundo, debatendo os problemas da nossa realidade.

Fiquei magoado em saber que não o teremos mais.

E eu insisti, mas Vossa Excelência acha que deu sua contribuição; e como se sentia também magoado, por uma série de razões... Vou ser sincero: eu também. Eu não seria candidato nesta eleição, se meu mandato não tivesse mais quatro anos, em hipótese nenhuma. Penso até – e tenho refletido – se, no dia 31 de janeiro, eu não renuncio. Com 81 anos, que vou fazer no dia 31 de janeiro do ano que vem, penso se não é hora de ir para casa, porque acho que fiz minha parte.

Por isso insisti muito com Vossa Excelência, um jovem, um guri.

Mas os argumentos, apresentados são os mesmos que senti em mim: é difícil a gente ficar sentado aqui, ver esse negócio e não poder fazer nada! Na verdade, nesses oito anos em que eu e Vossa Excelência estivemos aqui, foi muito pouco o que pudemos fazer, por mais boa vontade que tivéssemos. O clima ficou realmente muito difícil.

E Vossa Excelência não estará aqui no ano que vem.

É uma pena! Fará muita falta.

Aprendi a admirá-lo, senador Geraldinho Mesquita, em primeiro lugar por sua assiduidade, exagerada até. E via isso com certa inveja. Vossa Excelência sempre presente, da abertura das sessões ao final, às sextas-feiras, às segundas-feiras. Ao longo de todos esses anos, Talvez tenha sido uma das pessoas mais assíduas, algumas vezes, inclusive, sem ir à tribuna, ficando todo o tempo assistindo às sessões, debatendo as questões mais importantes. Vossa Excelência debateu aqui as questões do Acre, do Brasil, da América, do mundo.

Por isso vai fazer muita falta.

Senadores genéricos, com a análise da integridade dos problemas da sociedade, com imparcialidade e com a pureza ao debater, ao discordar ou apoiar, que nem Vossa Excelência, com certeza rareiam por aqui.

Sim, senador Geraldinho, Vossa Excelência fará falta.

Vossa Excelência não é uma pessoa específica: “Eu falo porque falo da educação; eu falo porque falo da saúde; eu falo porque falo da segurança. Não. Vossa Excelência realmente foi genérico e debateu todos os assuntos que interessavam a sociedade.

É uma pena. E a vida pública tem dessas coisas.

Há pessoas das quais a gente gostaria de se ver livre há muito tempo e não consegue. Trezentos processos, e isso e aquilo. Eu conheço casos em que o cidadão foi eleito pela região norte de seu estado, Foi eleito com uma montanha de votos. Aí, a região norte ficou com raiva dele porque teve uma péssima atuação. Não deu bola. Quatro anos depois, como tem muito dinheiro, foi eleito pela região sul. Um cara que não conhece nada, que não tem conhecimento. Isso tem acontecido.

Eu sentirei sua falta. Falo com toda a sinceridade.

Mas, confesso, eu vou muito sentir - senador Geraldinho - a sua falta, porque sua ausência vai esvaziar muito o conteúdo deste Congresso. Vejo gente importante que vem aí. Eu gosto da vinda do Requião, que está voltando. Ele é “um língua-solta”, mas diz a verdade permanentemente. É um grande nome. Eu gosto do Luiz Henrique, de Santa Catarina, que está vindo, e é um grande nome, mas pessoas como o ilustre senador acreano, Geraldinho Mesquita, simplesmente esvazia o debate.

Eu quero apenas dizer que leva o meu carinho, o meu afeto, a minha admiração. Espero fique convivendo com a gente. Eu gostaria demais de poder, muitas vezes, ir à sua residência, reunir-me no fim de semana, conversar com Vossa Excelência, para ter um professor a quem eu possa recorrer, muitas vezes, durante esse tempo. Fique em Brasília! Fique perto, fique na capital, para nos puxar a orelha, para combater, para cobrar. É muito importante!

Vamos sentir profundamente a sua falta no MERCOSUL. A única mágoa que tive foi quando renunciou a presidência da nossa representação no MERCOSUL. Havia uma unanimidade de que Vossa Excelência devia ser o nosso chefe. Mas, pura e simplesmente, com um espírito de renúncia, de falta de preocupação com cargos...

Ali, nós todos perdemos com esse espírito de desprendimento.

Mas, mesmo assim, o seu papel ali foi muito importante. Quero dizer a Vossa Excelência do fundo do coração: nesses oito anos, os momentos que eu tive de mais conforto, em que me senti mais feliz, foram lá no Uruguai, quando, junto com Vossa Excelência, inclusive, nos intervalos, debatíamos e analisávamos. Eu aprendi muitas lições da vida com Vossa Excelência.

Muito obrigado por Vossa Excelência ter sido um senador brilhante.