No meu tempo de militância estudantil participava de uma turma, em Ribeirão Preto, que tinha o sonho de justiça social alimentado pela injeção de metáforas poéticas.
Pela poesia rebelde, claro.
E, poeta que era, destacava-me não só pela produção literária pessoal, mas esbanjava no repertorio. Apaixonado que era pela leitura, também recitava versos de grandes vates europeus.
Sempre em companhia de uma boa cerveja, evidentemente.
Dentre os versos que declamava amiúde estava um de Berthold Brecht - dramaturgo e poeta alemão -, muito na moda para os rebelados da década fatídica de setenta, que dizia:
- Há homens que lutam um dia, e são bons; há outros que lutam um ano e são melhores; existem também aqueles que lutam muitos anos, e são melhores ainda; porém, existem aqueles que lutam a vida inteira, e estes, são imprescindíveis!
Muitos desses versos caíram em desuso ou até se tornaram piegas para a geração da parafernália eletrônica. Mas, as palavras de boas verves, os versos que ardem à queima-roupa, jamais perdem o viço, a forca mística.
A palavra e o seu significado, afinal, foi o que mudou o mundo. Não foi a invenção da roda nem a descoberta do fogo. O que alavancou a historia e fez a joça desse mundo se mover foi a descoberta da palavra.
Do poder da palavra sobre o homem.
Por isso, como cidadão acreano, como jornalista e observador do cenário politico do Acre, não posso deixar de ofertar os versos de Brecht ao deputado Luiz Calixto, o último dos seringueiros-gladiadores que se posta contra a ignomínia e a desfaçatez dos lobos travestidos de cordeiros.
E ele ficou mais forte no limbo da luta.
Sempre se manteve firme na peleja. E pagando um preço que somente ele pode aquilatar. O que enfrentou - e ainda enfrenta - revela a alma de um lutador e o espirito de um acreano que honra a memória de nossos antepassados.
O deputado Luiz Calixto, como bom cabrito, não berra.
Eis um sujeito que honra a calça que veste.
Luiz Calixto talvez tenha sido a pessoa mais perseguida politicamente na última década em todo o Estado; ele teve seu telefone permanentemente grampeado; como parlamentar foi deveras monitorado, e até hoje, se encontra vitimado pelo ódio dos que se acham donos do Acre, inclusive, da alma de toda a gente que o habita.
Mas, ele resistiu a todas as intempéries.
Claro, sofreu. E também não deixou de sentir dor. Tornou-se estoico, no entanto, depois de calejado. Calixto não se rendeu nem caiu nas arapucas que lhe foram armadas. Prevaleceu sua sina de guerreiro guiado por sua convicção politica. Prevaleceu o caráter do homem.
De um homem com vergonha na cara.
Por motivo alheio a minha vontade não pude acompanhar o pleito deste ano. E agora que retornei convalescente entristeci-me com a sua não reeleição. Conforta-me, entretanto, a certeza de saber que Calixto, como um voraz animal politico, vai dar um jeito de manter viva a sua tão necessária trincheira. Para a nossa sorte.
Por isso não me escuso em dizer: obrigado Calixto.
Você será sempre imprescindível.
Deve-se esquecer de si próprio pela família; deve-se esquecer da família por sua aldeia; deve-se esquecer da própria aldeia pela nação; e deve-se esquecer de tudo em prol da iluminação: não viva no passado, não sonhe com o futuro, mas concentre a mente no momento presente. (BUDA)
domingo, 14 de novembro de 2010
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Mulher parida
E ai meu compadre, o que estás a fazer pela banda daí?
Nós aqui continuamos a apostar na vida, pois acreditamos que é preciso penetrar, através do olhar estético existencial, nas águas mais profundas das nossas aspirações e desejos, para percebermos a importância de uma vida prazerosa, sem olhares de cobrança, tampouco, a preocupação com o antes ou com o depois.
Mas tão só desfrutar com alegria o divertimento da expressão do presente. Estamos felizes pela tua recuperação! O Dionísio diz para todo mundo que o padrinho dele fez uma cirurgia em São Paulo.
Meu bom compadre, Stélio, tu estás com uma cara de mulher parida do caralho! Brincadeira!
Risos eternos!
Saudações trágicas!
Guilherme da Silva Cunha
Filósofo trágico, por acreditar que a vida seja o valor maior.
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