sexta-feira, 29 de junho de 2012

Reviravolta no Purus

Gostaria de reiterar aqui o que venho afirmando em artigos anteriores: em política, até o último momento, surpresas sempre acontecem. É que nem um jogo de futebol que onde até o último minuto existe a real possibilidade de uma mudança na situação. Está aí o Corinthians que não nos deixa mentir.


Em Sena Madureira, por exemplo, houve uma significativa reviravolta articulada nos bastidores da Frente Popular, que, no finzinho do jogo alterou a indicação do candidato que será protagonista da FPA naquele município, como o postulante à sucessão do prefeito Nilson Areal.

A coligação tinha como certa a indicação do nome do bom cristão e vereador Zuza como o candidato do governo e do próprio prefeito Nilson Areal. Com um adendo: tendo como cabo eleitoral nada mais, nada menos, que o padre Paolino, que há 50 anos comanda o rebanho católico na região.

Aliás, a informação que tem,os é que foi o próprio padre Paolino quem ediu a indicação de Zuza ao governador Tião Viana, compromisso que vinha se firmando a tal ponto que o padre já andava de casa em casa pedindo voto para Zuza.

Caminhar e conversar é com ele mesmo.

Mas a mudança que houve em Sena Madureira, e que caracteriza a reviravolta, simplesmente, foi a súbita substituição do cristão Zuza pelo comunista Hermano, que agora deve ser ungido na convenção como o candidato da FPA naquela cidade.

Isso mexeu com os brios do padre que anda resmungando pela cidade. Não se sabe qual será o seu posicionamento de agora em adiante. O certo é que tem manifestado seu descontentamento pelas esquinas de Sena Madureira, e o prefeito Nilson Areal não foi poipado de ouvir o seu descontentamento.

A chapa de oposição em Sena Madureira, que já é tida como forte para o pleito, com a ex-prefeita Toinha Vieira como cabeça de chapa e o vereador Zenildo como seu vice, segundo alguns, pode ser ainda mais beneficiada como esta mudança de última hota. Ningué tem bola de cristal para afirmar que a alteração foi uma mudança catastrófica, afinal, Hermano também tem uma história no município, onde sempre foi bastante atuante. Mas muitas lideranças locais da FPA estão atônitas.

Se isso vai se concretizar, amanhã saberemos, logo depois das convenções que contarão com a presença do governador Tião Viana. O certo é que até o mesmo o prefeito Nilson Areal não se furtou em demonstrar preocupação, pois, para ele, o padrfe Paolino é considerado um ícone na cidade e exerce uma boa infliência em parte do eleitorado.

Descontente, o padre ainda não disse que rumo vai tomar.

O que se sabe é que ele afirmou que fez o pedido especialmente ao governador Tião Viana pela indicação de Zuza – como um dos últimos pedidos que fazia ao governador – e que anda mau humorado.

A mudança parece ter sido aos quarenta minutos finais do jogo político em Sena madureira, se alguém vai fazer um gol contra ou a favor no campo da FPA, somente saberemos depois do apito final.

Mas, se o juiz deste jogo for exatamente o governador Tião Viana, então caberá a ele apitar e encerrar a movimentação de campo, ou quem sabe, fazer as advertências que se fizerem necessários e dar um cartão vermelho para as escaramuças que tomam conta da coligação.

Amanhã a novela tem fim.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ossos do ofício

Até onde a função de um governador de Estado, com certeza, se confunde com os limites das ações do ser político que ele representa, seja como líder, seja como o condutor de processos inerentes as duas atividades: a administração e a política.

E ambas são irmãs siamesas.

Exemplo disso são as atividades políticas do governador Tião Viana que, por esses tempos, estão aceleradas e deixando sua agenda mais política do que administrativa. Não era para menos. Já analisamos aqui seu papel de bombeiro neste período de convenções partidárias que escolhem os candidatos a prefeito nos 22 municípios do Acre.

Não por outra coisa, neste sábado, o governador Tião Viana participa de sete convenções dos partidos que compõem a Frente Popular do Acre no interior do Estado. Sena Madureira, Manuel Urbano, Feijó, Tarauacá e Santa Rosa são alguns deles.

Mesmo com o papel de bombeiro em alguns deles e de descascador de abacaxis em outros, o certo é que ele vem dando conta da agenda e se revelando muito otimista quanto ao pleito que se avizinha, tanto que, a sua avaliação é por demais otimista quanto aos resultados: o governador acredita que vence em pelo menos 16 municípios do Acre.

Não sei quais são as bases para estas suas análises, nem os critérios da avaliação, mas, com certeza, deve serem sólidas, pois seu manancial de informação é vasto, e creio que dentro dos parâmetros subjetivos impostos pelas premissas da verdade, pois não acho que o político experiente engane a si mesmo nos objetivos que possui.

Porém, mesmo que a avaliação do governador esteja correta, e seu trabalho como liderança política lhe imponha ossos de um ofício dificílimo, e que ele cumpre com rigor, não deixo de fazer o papel do diabo e lembrar que, mais importante do que a "quantidade" de municípios vitoriosos que é FPA pretende comemorar, sem dúvida, é saber em "quais" municípios estas vitórias ocorrerão, ou acontecerão de verdade.

Para o governador, o que deve importar não é a vitória macro, mas a micro. Ou seja, vencer nos municípios de maior densidade eleitoral, naqueles que podem representar uma verdadeira vitória da FPA em quantidade de votos, não de municípios.

Senão, vejamos: do que adianta ganhar em 16 municípios se neles não estiverem inclusos Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Sena Madureira? Ou pelo menos em dois destes? Para a FPA, o que deve importar é vencer, não na maioria dos municípios, mas nos mais importantes, naqueles que serão fundamentais para o pleito de 2014, quando o governador Tião Viana será, naturalmente, candidato a reeleição.

A verdade é que o estilo do governador Tião Viana é muito ousado.

Mas, para quem se predispõe a ser um político pujante, isso também é natural. E qualquer analista político, mesmo um principiante ou até mesmo um medíocre articulista como este que vos escreve, não se pode deixar de perceber que esta é a maior prova político que Tião Viana enfrenta no cargo de governador. Isso significa dizer que a ele será creditado o sucesso ou o insucesso de coligação governista.

O poder político nunca foi tão essencial em sua trajetória, e disso sabe muito bem o governador Tião Viana. Tanto que, em relação aos municípios detentores dos maiores colégios eleitorais, ele não vai deixar de dar uma atenção especial. E por isso mesmo deve seguir para Cruzeiro do Sul levando a tiracolo marqueteiros para dar os primeiros passos na campanha no Juruá e puxar a alavanca da candidatura do deputado federal Henrique Afonso.

Não sei de seus planos para intervir na campanha de Sena Madureira, mas com certeza absoluta, a capital Rio Branco jamais seria desdenhada: aqui ele vai ter que ir para os bairros com Marcus Alexandre e Márcio Batista.

E, enquanto os ossos do ofício não lhe tirem do sério, o governador Tião Viana comemora a paz e a alegria da convenção em Xapuri, onde suas chances de vitória são previsíveis.

Mas, cada passo do governador é uma mexida no tabuleiro que revela que o jogo ainda está sendo jogado. Ninguém ganhou ainda. Mas também ninguém perdeu.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O efeito Calixto

Os ditados populares, não raros, estão repletos de sabedorias e ensinam morais ou verdades que sempre são de bons alvitres. Pelo menos foi assim que nos ensinaram as nossas vovozinhas que viviam para nos dar conselhos.
Nesse sentido, o velho ditado popular que afirma que quem ri por último ri melhor pode muito ser aplicado ao efeito Luiz Calixto como o candidato a vice-prefeito na chapa do PMDB, encabeçada pelo ex-deputado federal Fernando Melo.

O PMDB foi o partido que trabalhou com mais dificuldade a escolha de seu candidato a vice-prefeito, pois vários nomes foram sondados, especulados, lançados numa articulação infrutífera que parecia vir se tornando um pesadelo.

Primeiro foi a escolha do tenente-coronel Juvenal, da Polícia Militar, que fez um dengo danado e acabou desistindo depois de quase ser lançado oficialmente. Sua desistência, os peemedebistas creditam à pressão do governo, que via no militar um agregador de votos em bairros populosos de Rio Branco. Assim, Juvenal deu babau.

De maneira quase incontinenti, os caciques do PMDB e o próprio pré-candidato Fernando Melo passaram a analisar outros nomes e pensaram até em uma “chapa puro sangue”, quando foram sondados nomes técnicos do partido como Maria Alice e Roberto Feres, opção que não demorou a ser descartada.

Em seguida, a cúpula do partido, juntamente com seu maior aliado, o senador Sérgio Petecão (PSD), não deixaram de se desdobrar na empreitada que tendia à escolha de um nome jovem, claro, de olho no eleitorado que mais cresceu nos últimos anos, a juventude, a exemplo das opções feitas pela Frente Popular, que escolheu Márcio Batista (PC do B), e do PSDB, com a indicação do vereador Alysson Bestene (PP).

O nome de Eduardo Ribeiro, da juventude do partido, chegou a ser o indicado, e, quase teve o martelo batido. Eduardo Ribeiro, filho de Valmir Ribeiro, conselheiro do TCE, além de jovem, também conferia a ao PMDB uma chapa puro sangue. De uma para outra tudo mudou.

O nome do ex-deputado oposicionista Luiz Calixto surgiu como uma aliança que, segundo as principais lideranças que coordenam a candidatura de Fernando Melo, torna a candidatura do PMDB, “a mais oposicionista ao PT”. Calixto tem sido um ferrenho adversário da Frente Popular de um modo geral, e do senador Jorge Viana e do governador Tião Viana, em particular.

“Agora a população de Rio Branco tem claramente a sua disposição uma opção de voto em uma oposição clara e absoluta ao projeto da Frente Popular”, afirma Fernando Melo. Claro, que a candidatura do líder nas pesquisas, Tião Bocalom, é evidentemente de oposição, e com tradição nesta tradição. Mas, com a presença de um “xiita”, como Calixto, Bocalom pode soar um opositor moderado.

Isto, nós sabemos, é o que aparenta a olhos vistos, mas a verdade é que se trata apenas de uma questão de estilos de atuação. Mas, é também inegável que Fernando Melo ganha mais com a opção de Calixto como seu companheiro de chapa do que todas as opções anteriores.

E, por quê?

Por uma razão muito simples: Calixto é independente, não está sujeito a pressões, tem experiência política e vai ocupar um lugar de destaque na campanha do PMDB, talvez até mesmo sendo um dos coordenadores, além de atuar na linha de frente da no programa eleitoral.

Aliado a isso, o PMDB pretende contar com uma dedicação especial do deputado federal Flaviano Melo, na campanha em Rio Branco, e do senador Sérgio Petecão, que não esconde de ninguém que vai rodar os bairros quantas vezes se fizeram necessárias. E sempre com Fernando Melo e Luiz Calixto a tiracolo. E isso não pode ser ignorado pelos mentores dos demais candidatos.

O efeito Calixto, portanto, é positivo também por outro aspecto: mexeu com a militância do PMDB, unindo-a, a tal ponto, que até o velho combatente Armando Dantas, não deixou de recolher a barriga, encher o peito e afirmar que está se sentido como se estivesse de volta ao movimento estudantil, nos velhos tempos da Viração.

E tudo se encerra amanhã, na convenção do PMDB, onde Melo e Calixto serão homologados candidatos. E recomeça no dia seguinte, quando ambos estão legalmente aptos a meter a cara na campanha.

E agora somente resta aguardar os desdobramentos.